terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Altruísmo.

Olho pela janela e contemplo um dia nublado. O pérfido tempo foi arrogante ao nascer do dia, não deixando nenhum ser ter o privilégio de assistir ao deslumbrante nascer do sol. Uma massa cinzenta cobre o esplendor do universo, enquanto uma camada fina de chuva umedece construções, árvores e a cabeça de estressadas pessoas que caminham pelas ruas da cidade. Gostaria de subir lá em cima e mudar esse clima tenso e tristonho.
Repousado em uma cadeira de escritório, com sinfonias de Mozart a soarem aos meus ouvidos, transcrevo o conteúdo de minha mente. É incrível como o nosso senso de humor reflete diretamente no estilo e na forma textual. Diga-se de passagem que ando triste e solitário nos últimos dias. Só consigo demonstrar isto no papel. Sempre fui retraído e individualista quanto as minhas questões pessoais. Não gosto de dividir mágoas e dores, somente felicidade e sorrisos. Um gesto bonito para quem vê, porém, inquietante para minha alma. Não é tão fácil quanto parece guardar para si próprio problemas robustos e deixá-los sempre de lado, quando alguém precisa de uma força para seguir em frente. Pessoas como eu sofrem da mesma forma que as pessoas comuns, só não gostam de passar o sofrimento a diante. Alguns tentaram fazê-lo, decepcionaram-se com a forma de ajuda recebida e acabaram por tornarem-se autossuficientes emocionalmente.
Como é bom receber um abraço quando se está pra baixo! Como é bom ter com quem contar em todas as horas ruins! É magnífico ver sempre o sorriso no rosto das pessoas quando você está triste! Como podem existir pessoas que deixam sua vida de lado pela dos outros? Anjos? Talvez. Mas, com certeza, Altruístas!
O que muitas pessoas não entendem é o fato de que todos nós temos problemas e, estes, afetam o psicológico de verdade. Não é porque seu amigo está sempre disposto a ajudá-lo que ele nunca vai precisar de um apoio também. Qualquer um pode se abalar um dia. O que diferencia a maioria das pessoas é que, para alguns, deixar de ajudar, pesa incomensuravelmente na consciência. Enquanto, para outros, isto não modifica em nada. Pensando assim, os que não se importam parecem desprezíveis e frios, não é mesmo?
Se você perguntar para alguém o que é egoísmo, ele saberá explanar de uma forma muito mais clara do que se você perguntar o que é altruísmo. Poderia haver mais compreensão quanto a esta questão que, por muitas vezes, não é trabalhada.
Os altruístas sofrem muito e vou me atrever a sucintamente explicar o por quê. Quando alguém tenta socorrê-los, a sua atitude normalmente é a de repreensão. Parece que receber ajuda é inútil. O que importa é o outro contar com você, e não o contrário. Muitas vezes, são acatados de orgulhosos, “cabeças duras”, individualistas e outros adjetivos profanados por acéfalos. Se quem diz uma bobagem dessas imaginasse a dificuldade que é aceitar o auxílio do próximo, ele não diria nem metade. Eles se tornam solitários, e gostam disso. Abdicam de privilégios e renunciam a gozos para que a felicidade do outro seja contemplada. E isto alimenta o viver deles, é necessário, é gratificante... É um combustível!
Será que um dia você parou para pensar nisso? Será que você não é egoísta demais e não sabe? Fala mal de quem, na verdade, é bom? Tire um tempo, abra seus olhos, seja mais sábio e deixe de julgar as pessoas apenas por alguns atos. Uma personalidade abrange um campo muito maior do que um ponto de vista ou uma pequena atitude. Ative sua sapiência e não deixe de lado seus irmãos de espécie. Desejo toda felicidade do mundo para todos, mesmo que não seja recíproco. Digo isso de coração.

- Bruno Zanatta Salvatori.

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